Amigas e amigos:
À medida em que o tempo vai passando, algumas mudanças de pensamento me chamam a atenção. Por vezes, acredito que a Justiça, que dizem, tarda, mas não falha, está bem perto. Em outras ocasiões, essa mesma Justiça parece estar cada vez mais distante.
O que não muda e está cada vez mais forte, é a saudade e a imensa dor provocada pela perda do meu amado filho Mário, que teve sua vida ceifada aos 20 anos de idade. O que não muda é a explosão do sentimento no meu peito e as lágrimas que brotam nos meus olhos todo o santo dia.
Mas é preciso mesmo se ter tanta esperança, diante de tamanho descaso que premia com o instituto da impunidade bandidos tão desalmados? Pois por mais incrível que possa parecer, ainda tenho sim, esperança de que um dia, a Justiça seja feita e que os verdadeiros culpados pelo assassinato cruel do meu amado filho Mário, sejam identificados e punidos pela atual (e branda) legislação.
Está bem próximo de o assassinato do meu amado filho Mário completas 10 anos. Isso mesmo: dez anos, sem que os verdadeiros responsáveis e a motivação desse bárbaro crime tenham sido encontrados pelas nossas chamadas autoridades da segurança pública.
Chegamos, nesta quarta-feira, aos 115 meses desde aquela trágica noite de 29 de setembro de 2005 em que o meu amado filho Mário foi assassinado, quando se dirigia a uma confraternização com amigos de infância e colegas de colégio e faculdade. Seria um encontro sadio, como os que ocorreram anteriormente, mas que foi abruptamente interrompido pelos assassinos desalmados que mataram meu amado filho Mário antes que ele chegasse ao destino.
Algo inexplicável, como inexplicável é o fato de que os seus algozes não tenham sido até hoje identificados pelas autoridades que têm a obrigação constitucional de fazê-lo, por conta do hediondo descaso e pela falta de vontade política de se dedicar ao caso.
São 3.450 dias de descaso, insensibilidade e impunidade. Até quando, terei que cobrar do Estado o cumprimento do seu papel?
Sérgio
Pai do Mário
A alternância no poder ajudará a acabar com a impunidade? A esperança se renova...
