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*Sineimar Reis

  Em um breve passeio por bairros e pela cidade de Betim, prédios populares de Betim até podem parecer abandonados, como a casa da Cultura, mas guardam belas histórias, história de uma cidade é feita de fatos que aconteceram durante sua criação e desenvolvimento. Partes da história de Betim estão agregadas a prédios antigos e construções históricas que contribuíram de alguma forma com a construção de bairros. As personalidades que se hospedaram nos arredores da cidade, ajudaram a moldar de alguma forma a cidade que temos hoje.

  No entanto, nem todas essas construções receberam o devido respeito e cuidado ao longo dos anos. Mesmo tombados e protegidos, alguns imóveis, da Colônia Santa Isabel, padecem ao longo dos anos, sendo cada vez mais deteriorados pela ação do clima e do tempo, sem uma previsão de restauração. Outros tiveram destinos melhores, como a Antiga Casa de Josephina Bento, Hoje a Casa da Cultura, o Museu Paulo Araújo Gontijo e a Antiga Igrejinha, Capela de Nossa Senhora do Rosário hoje Patrimônio Cultural da Cidade de Betim. Em pesquisa e visitas aos locais fui conferir como esses locais estão hoje em comparação ao passado.

MUSEU PAULO ARAÚJO MOREIRA GONTIJO

  Em 1910, este local era o antigo Grupo Escolar Conselheiro Afonso Pena, posteriormente, já no final da década de 1960, o local transformou-se no Colégio Comercial Betinense. Em 1998 o prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal, passando por uma arrojada reforma e transformando-se em 2002 no Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo. Várias peças constituem o acervo deste museu, como a Carta de Sesmaria, concedida a Joseph Rodrigues Betim em 1711, jornais de 1969 com matérias que retratam o começo do crescimento da cidade, moedas de 1924, moedor de carne de 1920 e um diploma de conclusão do Grupo Escolar, de 1935, entre outras. Todas as peças foram doadas por moradores da cidade. O museu Paulo Araújo Moreira Gontijo se tornou um espaço dinâmico para a cidade. Nele são realizadas várias exposições de artistas locais, lançamentos de livros, apresentações teatrais e musicais, enfim, é um espaço para eventos culturais.

PATRIMÔNIO DA REGIÃO PTB (POSTO TELEGRÁFICO BETIM

  O Bairro PTB tem sua Origem no início do século XX, quando foi criada nessa região da cidade o Posto Telegráfico Betim, umas das três paradas do trem da ferrovia que corta o município. O posto teve fundamental importância para a região, uma vez que, a partir dele um pequeno aglomerado de casas se formou e levou o nome de PTB. Até a década de 1970, o local era um pequeno povoado. A partir da implantação do distrito industrial de Paulo Camilo, ocorreu uma reorganização do espaço e um acelerado crescimento populacional. Além do PTB, a rodovia também tinha outra parada em Betim: o posto telegráfico PTA, no centro.

CAPELA DE SÃO SEBASTIÃO (BAIRRO AMAZONAS)

  O local que hoje abriga a Capela de São Sebastião era ponto de união dos fiéis e lavradores da Fazenda Imbiruçu. Localizada no bairro Amazonas e edificada na década de 1940, ela é um exemplo raro de capela de fazenda em Betim. Em 1997, foi tombada como patrimônio histórico-cultural. Atualmente, a cada último domingo do mês é realizada uma missa sertaneja. Sua arquitetura é considerada pelos técnicos em patrimônio como vernacular (popular), de inspiração neoclássica. Muitas capelas populares do interior de Minas Gerais apresentam essas características e umas inspiram a construção das outras. Joaquim Soares Diniz, o Joaquim Reginaldo, é a liderança mais citada pelas fontes orais como responsável pela construção e a teria feito em pagamento de promessa pela volta de seu filho da 2ª Guerra Mundial. Durante o processo de construção, a Fazenda foi desmembrada em glebas menores e o terreno onde fica a Capela coube ao próprio Joaquim Reginaldo, que efetuou sua doação à Igreja. Há relatos que A Capela foi inaugurada sem missa, porque sua pedra fundamental não havia sido lançada conforme os preceitos da Igreja, sendo usada para fins comunitários. Somente em 1956 é que o templo passou a funcionar regularmente, com missas periódicas e importantes festas do calendário católico. Esse templo foi um dos primeiros bens arquitetônicos populares de Minas a serem reconhecidos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais ¿ IEPHA/MG como patrimônio cultural. a própria presidente do Instituto, Jurema Machado, participou das discussões com a comunidade, a Funarbe e o Conselho do Patrimônio, contribuindo para fomentar o pioneirismo da comunidade do Bairro Amazonas na luta pelo tombamento.

BAIRRO BOM RETIRO ANTIGA FAZENDA DO BREJO

  De acordo com minhas pesquisas feitas o empresário, que comprou a sede da antiga Fazenda  do Brejo, não imaginava que o local se transformaria em um bairro com grande crescimento populacional. A Fazenda do Brejo hoje dá lugar ao bairro Bom Retiro. A divisão de lotes ocorreu por volta de 1970 pelo proprietário Antônio Cardoso. A sede foi adquirida por Marcos Aguilar, que modificou o nome para Fazenda Bom Retiro, que depois acabou se tornando o nome oficial do bairro. De acordo com Aguilar, ele acompanhou de perto o crescimento do bairro e nunca não imaginaria que a região fosse se desenvolver tanto. Na época sua família, por volta do ano de 1968, comprou as terras. Com o passar do tempo, foi comprando parte por parte de cada um. Quando o proprietário decidiu vender, ele optou por não comprar toda a fazenda, mas somente sua sede. Segundo Aguilar, ele nunca acreditava que Betim fosse chegar onde hoje é o bairro Nossa Senhora das Graças, e nem onde hoje é o Bom Retiro, pois antes a cidade só ia até o bairro Angola. Onde hoje só se ver casas e prédios, era só terra, não havia nada. Antes, não havia luz, não havia saneamento básico, não havia nada. Só a fazenda, hoje só há prédios por toda parte, tudo mudou e se desenvolveu. Há relatos de Aguilar que conta que o bairro é marcado por casos curiosos. Há anos a Fazenda Bom Retiro recebeu o ilustre ex-presidente Juscelino Kubitschek que era amigo de seu pai.

CONJUNTO ARQUITETÔNICO DA COLÔNIA SANTA IZABEL

  O Conjunto Arquitetônico da Colônia Santa Izabel foi construído no período entre 1922 e 1931, para abrigar e tratar os enfermos de hanseníase.  O patrimônio arquitetônico abriga o Portal, o Cine-teatro Glória, o sistema de alto-falante, as ruínas do antigo pavilhão, o campo de futebol e os clubes Minas e União. A arte, a cultura, a religiosidade, o esporte, o lazer e o futebol estão presentes na vida da Colônia Santa Izabel, destacando-se o Coral Tangarás e o futebol do Minas União Clube.

PARQUE JARDIM TERESÓPOLIS

  O Bairro Jardim Teresópolis localiza-se na periferia de Betim. É originário de loteamento realizado pela empresa Comiteco S/A, e teve seus primeiros moradores por volta da década de 1960. Com a instalação da fábrica da FIAT em 1976, houve uma verdadeira explosão habitacional, que se seguiu durante as décadas de 1980 e 1990. Hoje conta com mais de 45 mil habitantes. Sua sub-região é composta por 8 bairros adjacentes. Possui duas avenidas principais chamadas “Belo Horizonte” e “Duque de Caxias”, onde a maior parte do comércio do bairro está localizada. Em 2001 foi criado na região um grande evento denominado "Rodeio Show do Teresópolis e Imbiruçu" que chega reuni a cada edição cerca de 20 mil pessoas. Entre os espaços públicos que mais se destacam, estão a Maternidade Municipal, com inúmeros prêmios conquistados, o Complexo Poliesportivo Ricardo Mediolli e o projeto Arvore da vida, Centro Cultura Frei Estanislau, dentre outros.

NÚCLEO HISTÓRICO DO ASSENTAMENTO DOIS DE JULHO DO MST

  A Fazenda Ponte Nova foi uma importante referência espacial e unidade produtiva desde o século XVIII em Betim. A ponte sobre o Rio Paraopeba, que ligava o território de Capela Nova do Betim a Mateus Lema ficava em seu interior e nela acampavam viajantes ligados à mineração e ao abastecimento nas Minas Gerais. No século XIX, com o arrefecimento da produção de metais preciosos, a Fazenda continuou dedicando-se à agropecuária e tornou-se importante referência para a comunidade local, da região hoje conhecida como Vianópolis. Na Fazenda foram implantados diversos equipamento de uso comunitário, como estradas, inclusive a de ferro, capela, cemitério, escola paradas de trem e estabelecimentos comerciais. Ao longo do século XX, a Fazenda entrou em acentuada decadência econômica até ser declarada improdutiva pelo Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em 1990, após o que foi ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terras (MST). O assentamento instalado na Fazenda denominou-se Dois de julho, em alusão à data da ocupação da fazenda, e um grupo de mais de sessenta famílias vem, desde então, vivendo o processo de conquista da posse definitiva da terra. A sede da antiga Fazenda Ponte Nova e seu entorno, incluindo o acampamento do MST, foram tombados como Núcleo Histórico do Assentamento Dois de Julho em janeiro de 2011, pois o conjunto representa mais de três séculos de história de Betim e das mudanças na propriedade da terra e na cultura dos trabalhadores rurais.

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA CAPELA NOVA

  A Estação Ferroviária de Betim foi inaugurada em 01 de julho de 1911, quando o município ainda se chamava Capela Nova de Betim, donde o nome Estação de Capela Nova. Fazia parte da Estrada de Ferro Oeste de Minas, no ramo que ligava Belo Horizonte à atual Divinópolis. Em 1957, com a criação da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), foi incorporada a esta. A construção desse trecho da ferrovia, que acompanhou os vales do Riacho das Areias e do Rio Betim, deslocou o eixo de crescimento do Arraial da Capela Nova de Betim, que estava voltado para o sul, em Bandeirinha, para o norte, aos fundos da Antiga Matriz. As ferrovias foram, a partir dos anos 1920, substituídas pelas rodovias como principais vias de transporte no Brasil. Em Betim, o reflexo desse processo é sentido acentuadamente a partir de fins da década de 50, com a implantação e modernização de uma rede de rodovias federais ligadas à industrialização que buscava substituir as importações. Por Betim irão passar a BR 381, que liga Belo Horizonte a São Paulo, e a BR 262, que liga Belo Horizonte ao Triângulo Mineiro. Em 1996, a RFFSA foi privatizada, passando a Estação de Capela Nova a pertencer à Ferrovia Centro Atlântica (FCA). A partir de então, passam pela Estação apenas cargueiros. O estilo arquitetônico da estação atesta influência inglesa, semelhante a outras estações construídas à mesma época, inclusive aquelas de regiões próximas a Betim. Os trens e as edificações a eles associadas têm na Inglaterra o seu berço, daí essa influência. A Estação de Capela Nova é um dos bens tombados mais bem preservados de Betim. Seu centenário em 2011 coincide com a intensificação das políticas de valorização do patrimônio ferroviário no Brasil e com a implementação do Projeto de Revitalização do Centro de Betim, proposto pelo Instituto de Pesquisa e Política Urbana de Betim (IPPUB), o que pode torná-la mais visível e acessível aos cidadãos betinenses.

BETIM E OS PRÉDIOS NO LUGAR DE FAZENDA

  Betim teve sua origem no século XVIII, mais precisamente em 1711, quando o bandeirante Joseph Rodrigues Betim obteve seu território como sesmaria. Seu primeiro núcleo de povoação a ganhar relevância foi o Arraial da Bandeirinha, responsável pela ereção da Capela Nova do Monte do Carmo, que depois deu nome à região. Conhecida desde então como Capela Nova do Betim, a região se consolidou como ponto de parada de tropeiros e produção para o abastecimento das regiões mineradoras de Minas. Foi elevada a distrito em 1801 e a município em 1938, em reforma administrativa empreendida pelo governo do Estado. Grande impulso econômico aconteceu na década de 60, com a instalação da Refinaria Gabriel Passos e da Fiat Automóveis, por iniciativa do governador Rondon Pacheco. A industrialização de Betim mudou seu caráter de cidade interiorana, multiplicando sua população e diversificando sua cultura. Confira algumas fotos e registros de Alexandre em visita a Cidade.

Vista do bairro angola região onde fica a PUC e Parque de Exposições David Gonçalves Lara

Vista do bairro angola região onde fica a PUC e Parque de Exposições David Gonçalves Lara. Foto de Alexandre Tj.

 

 

 Vista parcial do bairro Jardim da Cidade

Vista parcial do bairro Jardim da Cidade. Foto Tj.

 

 Vista do bairro Chácara

Vista do bairro Chácara. Foto Alexandre Tj.

 

 Av. Amazonas já no centro parte mais antiga Visto de cima do elevado Jacinto Couto Silva

Av. Amazonas já no centro - parte mais antiga - Visto de cima do elevado Jacinto Couto Silva. Foto Alexandre Tj.

 

 

Prédios próximos à Praça Milton Campos

Prédios próximos à Praça Milton Campos. Foto Alexandre Tj.

Prédios próximos à Praça Milton Campos

Prédios próximos à Praça Milton Campos. Essa região está muito valorizada por ser bem próximo ao centro da cidade e a bancos, hospitais e clínicas e apesar disso mantém-se relativamente longe do barulho e trânsito. Foto de Alexandre Tj.

 

Mesmo local. Foto Alexandre Tj

Mesmo local. Foto Alexandre Tj

 

Rua do bairro Brasiléia com vista para edifícios na região da Avenida Juscelino Kubitschek

Rua do bairro Brasiléia com vista para edifícios na região da Avenida Juscelino Kubitschek. Foto de Alexandre Tj.

 

Vista do centro da cidade a partir da Av. Edméia Mattos Lazzarotti em frente à prefeitura

Vista do centro da cidade a partir da Av. Edméia Mattos Lazzarotti, em frente à prefeitura. Alexandre Tj.



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Possui graduação em História pela Instituição Educacional Cecilia Maria de Melo Barcelos Faculdade Asa de Brumadinho, Minas Gerais, (2012). Graduado licenciado em Artes Visuais pela Faculdade de Nanuque, Minas Gerais, (FANAN) 2015. Tem experiência na área de História com ênfase nos seguintes temas: Ciência política e políticas públicas sociais e educacionais, história contemporânea e do tempo presente. Arte contemporânea em relação ao público escolar, arte pública e poder público. Aborda principalmente os seguintes temas: História social da cultura, políticas públicas governamentais e educacionais, arte no espaço urbano e espaço arte. Músico tocador de flauta transversal e artista especialista em desenhos realistas. Tem vasta experiência com ensino fundamental e médio. Atua como professor da rede Estadual de ensino nas disciplinas de história e arte, atualmente leciona arte em duas escolas da rede pública na cidade de Betim e Contagem/MG na modalidade Fundamental e Médio, atualmente direciona o Instituto do Patrimônio Histórico da Cidade de Betim. Coordena e participa de grupos de pesquisa e seminários em estudos voltados para as políticas públicas desenvolvendo projetos sociais junto ao movimento dos trabalhadores que contribui com o processo de reforma agrária e por uma sociedade mais justa.


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